domingo, 17 de fevereiro de 2013


“Tem um mendigo deitado na esquina da minha rua
Que tem nos olhos a miséria que o governo não vê
Na sacola rasgada, o lucro do sacrifício de ontem
Junto com o agradecimento por mais um dia de vida
A barba grande e suja, os pés descalços com calos
Uma vida sofrida com as mãos pedintes estendidas.

Até hoje não sei onde ele dorme nas noites de chuva
Nem sei os motivos de suas lamentações contidas
Mas quando deito, escuto de longe, quase como um eco
Um velhinho, chorando, orando a um deus qualquer
Enquanto se desvia dos olhares humanos de piedade
E daqueles que esperam daquele pobre homem no chão
Um gesto de desrespeito, falta de fé ou quiçá maldade.

Tem um mendigo deitado na esquina da minha rua
Abro as cortinas e o vejo fielmente como sentinela
Sei que guarda em seu íntimo as histórias mais belas
Em cada ruga do seu rosto expressivo um segredo
Que só será revelado à aqueles que perderem o medo
Ele está na esquina, eu na janela, o governo o poder
Mas as lágrimas que derramei naquela manhã fria
Quando vi seu sorriso amistoso, eu não pude conter.

Tem um mendigo deitado na esquina da sua rua
Sorrirá para o pobre homem, ou apenas para a lua?”

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