segunda-feira, 2 de abril de 2012

A conta vem cara, os amigos são muitos, as risadas invadem, o sofrimento dissipa. Eu sigo. Eu sigo sem ligar. A mão captura rápido o celular, eu começo a colocar o número dele. Mas passa. Ligo pra outro. E outro. E outro. E passo mais um dia sem fazer o que eu sei que não devo. Tudo o que ainda pensa e se preserva em mim grita e eu escuto. Sem cabimento, sem história, sem motivo, sem eco, sem colo, sem cumplicidade, sem acolhimento, sem nada. O que mais eu quero ouvir? O que falta para eu entender que acabou? Que dor falta sentir? Que parte do meu conformismo estava de férias essas semanas? O que falta viver em cemitérios abandonados? O que falta sentir em peitos esfaqueados? O que falta amarrar nesse emaranhado de fios dilacerados que eu virei? O que falta amar em olhares escondidos? O que falta acreditar quando a verdade é tão absurda que ocupa tudo? Não passo de uma força descontrolada que vai dar com a cara na parede branca, dura e incorruptível. Não ligue. Ligue para o mundo inteiro, encha o mundo inteiro, canse o mundo inteiro, ame o mundo inteiro. Vamos, mais um dia. Tente mais um pouco o resto. Daqui a pouco, esse resto vira rotina. Esse resto vira tudo. E ele será resto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário