quarta-feira, 5 de outubro de 2011

O que aconteceu contigo? Isso é tudo o que se passa pela minha cabeça fazem dias, desde que teus amigos bateram na minha porta e disseram que precisavam conversar. É isso mesmo que eles me contaram, meu garoto? Tu voltou pra noite, então. Esqueceu das promessas, esqueceu de tudo aquilo que eu havia mudado em você. Eles me contaram, com a cabeça entre as mãos, que tu perdeu a solução, que perdeu a lógica e toda a noção. Agora, é uma por noite. Se não mais. Todas loiras quase oxigenadas, pelo que eu ouvi. Nenhuma morena, nem uma única. Pega o número de quase todas, mas teu celular continua contendo apenas eu como contato. Eles estão preocupados contigo, meu amor, dizem que não te viam assim faz tempo. Na última noite, foram quatro descerebradas que tentaram ocupar meu lugar. E mais algumas doses de tequila, pelo que fiquei sabendo. O álcool voltou de vez, não é? Eu sai para dar lugar à ele. Quanto menos tempo são, melhor. E aquele teu amigo baixinho, com o cabelo espetado que eu sempre achei que tivesse cara de metido? Me enganei. Ele sorriu pra mim e disse “ele sente a tua falta”. Eu ri. O que mais poderia fazer? “Também sinto a falta dele”. Mas então, porque tu parece ter se esquecido tão rápido de nós dois? Eles tentam me animar, mas não dá. Eu chorei na frente deles, meu amor, na frente de todos. O pior de tudo é que, se não estou enganada, vi lágrimas nos olhos deles também. O que foi que aconteceu contigo, meu protetor? Você era tão diferente disso aí. Sei que dói admitir isso, mas você se apegou à mim. E não aceita nosso fim. Teus irmãos me olharam com pena e falaram rápido “Ele disse que a culpa é tua”. Como assim, a culpa é minha? O que foi que eu te fiz? “Foi sem querer, eu acho. Ultimamente, ele evita falar sobre o que sente. Mas numa dessas bebedeiras, ele falou. Olhou para a garota que estava com ele e sussurrou teu nome. Ela foi embora, e ele chorou baixinho. É culpa dela. É culpa minha. Ele repetiu isso a noite inteira, até pegar no sono”. Porque não disse isso pra mim? É culpa nossa. Eu concordo contigo, e não preciso estar quase em coma para admitir. Essa é a diferença - eu me importo. E estou quase morrendo aqui. O que foi que aconteceu contigo? Porque não veio atrás de mim, ainda? Eles me pediram para ir conversar com você. Mas falar o que, por Deus. Eu te amei, garoto. Confiei em você minha vida. Você me amou. Confiou em mim seu coração. Só que, agora, a gente tá se destruindo aos poucos. Cada um com a sua própria maneira de se suicidar um pouquinho a mais cada dia. No fundo dessa tua alma de menino, você sabe que elas não valem a pena. Mas continua passando reto por mim, me olhando de canto de olho e não falando nada. Eu sei que essas cartas em forma de texto não mudam o meu inferno-astral. Mas as escrevo mesmo assim, na esperança que você as leia. Enquanto isso, passo quieta por você. Finjo que não te vi. A gente finge que não houve uma pequena parte do peito saltando pra fora e que as faíscas não foram reacesas. Nós somos uma fraude. Dois cúmplices eternos, cometendo um crime sem suspeitas. Porque eu sei, meu amor, eu sei que você também chorou baixinho durante a noite. Eu sei que aquela briga afetou tanto a mim quanto a você. Pode continuar com essas meninas feitas de grafite 0,5. Algum dia, quando tu quiseres escrever em permanente, quiseres marcar a tua vida com amor de verdade e não só bebidas… Me procura. É o único número do teu celular, você sabe. Afinal, eu sou a única mulher da tua vida. 

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